Francine Cicurel (Sorbonne - Paris)
Irandé Antunes (UECE)
Abuendia Peixoto Pinto
Resumo da apresentação:
A CONEXÃO LEITURA-ESCRITA NO PROCESSAMENTO DISCURSIVO E O AGIR DO PROFESSOR
Abuêndia Padilha Pinto (UFPE)
Nas três últimas décadas, os problemas e os aspectos relevantes ao ensino e ao desenvolvimento da leitura-escrita vêm sendo exaustivamente investigados desde as primeiras fases do letramento até a apreensão de habilidades de compreensão e de produção de gêneros textuais diversificados. Esses inúmeros questionamentos têm sido analisados tanto da perspectiva cognitiva como da perspectiva das práticas discursivas em contextos socioculturais e históricos. No entanto, tais estudos têm enfocado mais nas informações sobre o ensino do que no seu conteúdo e no papel do professor ao planejar e executar as atividades de ensino. Em vista do exposto, este estudo busca apresentar os aspectos cognitivos e afetivos envolvidos na leitura-escrita, a interação entre os participantes (leitor e escritor) que modulam o discurso e os papéis do professor e do aluno nas práticas discursivas em contextos socioculturais e históricos. Trata-se, portanto, da proposição de um desafio. Um desafio que não reside apenas nas crenças dos professores, na natureza da leitura-escrita ou no modo de ensiná-las. Reside, sim, nas crenças dos alunos, na sua motivação para a aprendizagem e na construção de uma atitude positiva em relação a essas habilidades, que dependem do agir do professor. Esperamos que esta apresentação, com enfoque na aprendizagem colaborativa, possa contribuir para que o agir do professor na conexão leitura-escrita possibilite a formação de alunos autônomos e reflexivos.
Palavras-chave: Leitura-Escrita, Ensino-Aprendizagem, Agir do Professor
Émerson de Pietri (USP)
Valdir Heitor Barzotto (USP)
Maria de Lourdes Matencio (PUC - Minas)
Maria de Lourdes Meirelles Matencio (PUC Minas/CNPq)
Nos últimos anos, os trabalhos em Lingüística Aplicada certamente ultrapassaram a reflexão centrada ora nos conteúdos de ensino, ora nos comportamentos do aluno, ora nas ações do professor. Parece-nos de interesse, por isso mesmo, refletir sobre os avanços teórico-metodológicos promovidos na área, seja por estudos que focalizam a interação professor/aluno e seus efeitos – em relação ao que manifesta dos saberes priorizados pelo professor, ou no que respeita aos indícios que fornecem acerca do processo de aprendizagem pelo aluno –, seja por aqueles que se servem de instrumentos que trazem à luz as redes de atividades em jogo no decurso da formação do professor.
Nesta exposição, pretendemos tanto refletir sobre as redes de atividades envolvidas na formação de professores quanto sobre as formas de apreensão do trabalho docente – planificado, realizado e representado. Nosso objetivo é, além de focalizar os potenciais efeitos formativos das escolhas que fazemos na formação do professor, discutir o que nos dizem sobre a construção de saberes pelos sujeitos e sobre a circulação de determinadas representações do trabalho docente. Assumimos, a esse respeito, que uma formação desenvolvida à luz de determinados gêneros de discurso e vinculada à reflexão sobre as redes de atividades implicadas em sua atuação envolve procedimentos que favorecem a aprendizagem, na medida em que permite que se convoquem modelos – referenciais, textuais, contextuais, discursivos – a partir dos quais o professor em formação pode, por um lado, sustentar a planificação de sua ação de linguagem, na leitura, na escrita e na análise de textos/discursos, e, por outro, significar sua ação de linguagem em relação à dos demais partícipes das situações de formação e de atuação profissional, confrontando, dialeticamente, posições inter e intra-subjetivas.
Angela Kleiman (Unicamp)
Vilson J. Leffa (UCPEL)
Vilson J. Leffa
Resumo:
A expansão das novas tecnologias, incluindo o computador e a Internet, tem afetado os mais diversos setores da atividade humana. A área da educação, vista por alguns como uma bastião de resistência às tentativas de mudança, tem também cedido à força dessas transformações. O objetivo da apresentação é mostrar como o impacto dessas tecnologias tem afetado o trabalho do professor, não só apresentando novos desafios, mas também ampliando as possibilidades da ação docente para além das quatro paredes da sala de aula. As tecnologias tornam a linguagem líquida, provocando um dilúvio de informação que invade todos os espaços disponíveis, ampliando as relações e ligando as inteligências. No mundo dos blogs e wikis, da autoria colaborativa e redes sociais, todos somos ao mesmo tempo leitores e autores. O texto tradicional se transforma em texto multimodal e evolui para objeto de aprendizagem, redimensionando espaço e tempo. Num mundo de imagens, sons e vídeos, não somos apenas espectadores, mas também produtores; as imagens e vídeos que criamos estão no Orkut e no YouTube, distribuídos para o mundo inteiro. Tudo isso afeta o trabalho do professor, de um lado potencializando seu agir, dando-lhe uma importância que muitas vezes nem ele reconhece, mas de outro também impondo novos desafios que precisam ser vencidos com novas aprendizagens.
Luis Paulo da Moita Lopes (UFRJ)
Professor Titular do Programa Interdisciplinar de Lingüística Aplicada da UFRJ e Pesquisador do CNPq. É PhD em Lingüística Aplicada pela Universidade Londres. Foi presidente da Associação de Lingüística Aplicada do Brasil, atuou como representante da área de Letras e Lingüística no Conselho de Assessores do CNPq e é, atualmente, conselheiro da Associação de Pós-Graduação em Letras e Lingüística (ANPOLL). Já publicou seis livros no Brasil (Oficina de Lingüística Aplicada, Identidades Fragmentadas, Discursos de Identidades, Identidades - Recortes Multi- e Interdisciplinares, Por uma Lingüística Aplicada Indisciplinar e Performances) e artigos em revistas científicas e capítulos de livros no Brasil, México, Estados Unidos, Holanda e Inglaterra. Atua na área de lingüística aplicada, especificamente no campo das relações entre o discurso e as práticas sociais, com ênfase em estudos sobre letramentos escolares (língua estrangeira e materna) e não-escolares (midiáticos) e os processos de construção das identidades sociais (gênero, sexualidade e raça).
Luiz Paulo da Moita Lopes (UFRJ)
A ubiqüidade dos letramentos midiáticos no nosso dia a dia é icontestável. Em um mundo hipersemiotizado no qual nada se faz sem discurso, somos inundados por sentidos que nos chegam, a todo momento, das telas das TVs, dos computadores, dos celulares, dos jornais, das revistas etc., e que nos convocam a refletir sobre quem somos ou sobre quem podemos ser. Ao ilustrar: a) como os jovens vêm dialogando com tais discursos, notadamente, por meio do letramento televisivo e do computacional; e b) como tal diálogo enseja processos de desestabilização identitária, argumenta-se sobre os ganhos éticos e políticos da exploração de tal desestabilização no letramento escolar. Uma das questões que a escola precisa enfrentar é como dialogar com um mundo social no qual os scripts identitários claros, essencializados e homogeneizados que tradicionalmente orientaram a educação estão sendo questionados e redescritos como performances no aqui e agora: um agenda crucial para os nossos tempos.